segunda-feira, outubro 23, 2006
BAILE DAS CAIXAS
Ao encontar a foto abaixo num Blog Sesimbrense, vieram-me à ideia os bailes das Caixas. Foi o mesmo que andar 30 anos ou mais para trás, que saudade.
O famoso "Baile das Caixas", era um dos locais de culto da minha geração de sesimbrenses. Íamos como podíamos, mas chegava-se sempre lá.
Na porta encontrávamos o dono do baile, o Sr. Zé Carlos que correspondia ao que hoje se chama de "animador cultural". Digamos que tinha uma "Empresa de Eventos", tão em moda hoje em dia. Pagava-se o bilhete e pronto, a porta escancarava-se.
Lá dentro o conjunto musical tocava como podia e sabia, sempre ao ritmo dos êxitos mais que repescados, das melodias que faziam com que se dançasse.
Elas sentadas ao lado das mães, todas trajando o melhor que iam encontrando no guarda-vestidos, ostentando os melhores brincos, colares e todos os acessórios que a ocasião impunha.
Nós de pé, claro, aprumados, bem vestidinhos, calça vincada, camisinha de ir ao baile, sapato engraxado, penteado a condizer, bem barbeados, um after-shave com odor intenso.
Aí estávamos nós, quais predadores que esperam a vítima.
Encostados ao fundo do salão, soltávamos aquele gesto com a cabeça, universal, de - "a menina dança?" e aguardávamos que a mãe dela, depois de uma primeira inspecção, anuísse.
Se fosse sim, era o atravessar do salão, o peso desaparecia em cima dos pés, não fosse outro chegar primeiro.
Depois de um breve sorriso de cumplicidade, havia que trabalhar...mão direita nas costas do feminino par, mão esquerda agarrando a esquerda dela e a cabeça muito direita, na vertical, começava-se aí. Depois, bem, depois havia que tentar, tentar agradar, tentar encostar, tentar que a mãe, os irmãos, a familia não descortinasse qualquer abuso. Se fossemos correspondidos...melhor, voltava-se sempre, se não, era certo e sabido, a tampa era certa na próxima série musical.
De vez enquanto lá vinha o "damas ao bufete", o "chocolate", era mais uma oportunidade de aproximação à eleita daquele baile.
Entre uma cervejinhas, umas sandes, uma bifanas, lá se passando aquele tempo mágico.
Depois era o regresso Sesimbra, não antes do pão quente que se consumia na padaria em frente, também do mesmo dono do Salão de Baile, qual magnata do negócio da noite nas Caixas, é que além disso ainda tinha o mini-mercado, também em frente, de onde saía tudo o que se consumia lá no buffet do local da festança.
A foto das maçãs da Azoia trouxe-me estas lembranças, fizeram-me lembrar alguém que dançava comigo numa dessas noites, ao mesmo tempo que deglotia uma maçã da Azoia. Ainda sinto esse maravilhosa cheiro, ou não seria da maçã?????
(foto retirada de http://www.sesimbra.blogspot.com/ a 22/10/06)
O famoso "Baile das Caixas", era um dos locais de culto da minha geração de sesimbrenses. Íamos como podíamos, mas chegava-se sempre lá.
Na porta encontrávamos o dono do baile, o Sr. Zé Carlos que correspondia ao que hoje se chama de "animador cultural". Digamos que tinha uma "Empresa de Eventos", tão em moda hoje em dia. Pagava-se o bilhete e pronto, a porta escancarava-se.
Lá dentro o conjunto musical tocava como podia e sabia, sempre ao ritmo dos êxitos mais que repescados, das melodias que faziam com que se dançasse.
Elas sentadas ao lado das mães, todas trajando o melhor que iam encontrando no guarda-vestidos, ostentando os melhores brincos, colares e todos os acessórios que a ocasião impunha.
Nós de pé, claro, aprumados, bem vestidinhos, calça vincada, camisinha de ir ao baile, sapato engraxado, penteado a condizer, bem barbeados, um after-shave com odor intenso.
Aí estávamos nós, quais predadores que esperam a vítima.
Encostados ao fundo do salão, soltávamos aquele gesto com a cabeça, universal, de - "a menina dança?" e aguardávamos que a mãe dela, depois de uma primeira inspecção, anuísse.
Se fosse sim, era o atravessar do salão, o peso desaparecia em cima dos pés, não fosse outro chegar primeiro.
Depois de um breve sorriso de cumplicidade, havia que trabalhar...mão direita nas costas do feminino par, mão esquerda agarrando a esquerda dela e a cabeça muito direita, na vertical, começava-se aí. Depois, bem, depois havia que tentar, tentar agradar, tentar encostar, tentar que a mãe, os irmãos, a familia não descortinasse qualquer abuso. Se fossemos correspondidos...melhor, voltava-se sempre, se não, era certo e sabido, a tampa era certa na próxima série musical.
De vez enquanto lá vinha o "damas ao bufete", o "chocolate", era mais uma oportunidade de aproximação à eleita daquele baile.
Entre uma cervejinhas, umas sandes, uma bifanas, lá se passando aquele tempo mágico.
Depois era o regresso Sesimbra, não antes do pão quente que se consumia na padaria em frente, também do mesmo dono do Salão de Baile, qual magnata do negócio da noite nas Caixas, é que além disso ainda tinha o mini-mercado, também em frente, de onde saía tudo o que se consumia lá no buffet do local da festança.
A foto das maçãs da Azoia trouxe-me estas lembranças, fizeram-me lembrar alguém que dançava comigo numa dessas noites, ao mesmo tempo que deglotia uma maçã da Azoia. Ainda sinto esse maravilhosa cheiro, ou não seria da maçã?????
(foto retirada de http://www.sesimbra.blogspot.com/ a 22/10/06)