quinta-feira, dezembro 16, 2004

Vendaval em Sesimbra e Fado

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Aquela Janela Virada Pro Mar

Cem anos que eu viva não posso esquecer-me
Daquele navio que eu vi naufragar
Na boca da Barra tentando perder-me
E aquela janela virada pró mar

Sei lá quantas vezes desci esse Tejo
E fui p´lo mar fora com alma a sangrar
Levando na ideia os lábios que invejo
E aquela janela virada pró mar

Marinheiro do Mar Alto
Quando as vagas uma a uma
Prepararem-te um assalto
P´ra fazer teu barco em espuma

Reparo na quilha bailando na crista
Das vagas gigantes que o querem tragar
Se não tens cautela não pões mais a vista
Naquela janela virada pró mar

Se mais ainda houvesse mais fortes correra
Lembrando-me em noites de meio do luar
Dos olhos gaiatos que estavam à espera
Naquela janela virada pró mar

Mas quis o destino que o meu mais que dou
E já velho e cansado viesse encalhar
Na boca da barra e mesmo defronte
Naquela janela virada pro mar

Marinheiro do mar alto
Olha as vagas uma a uma
Preparando-te um assalto entre montes de alva espuma
Por mais que elas bailem numa louca orgia
Não trazem desejos de me torturar
Como aquela doida que eu deixei um dia
Naquela janela virada pró mar

(Tristão da Silva)

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